Stella e o pai Paul Mc Cartney |
Stella e a Rihanna |
Esta é uma entrevista feita há mais de um ano ( em março de 2013) pelo site Fashion Forward ( FFW) e achei muito interessante re posta- la novamente, tem muitas dicas boas. Vale a pena ler de novo! Stella McCartney pra nao conhece é estilista, filha de Paul McCartney, empresaria e assina coleções p Adidas ( entre outros trabalhos)
Stella
McCartney dispensa apresentações. Há muito tempo ela é simplesmente…
Stella. Uma das estilistas mais bem sucedidas de sua geração, ela vive
de transformar os desejos e necessidades das mulheres em realidade,
através de coleções de roupas e acessórios que compõem um guarda-roupa
perfeito. Mãe de quatro filhos (dois meninos e duas meninas – a mais
nova ela estava amamentando até há pouco tempo), Stella veio ao Brasil
para lançar a coleção que criou para a C&A. Simpática, de conversa
fácil, ela se mostrava empolgada com sua viagem de dois dias ao país e
prometeu voltar. No restaurante do hotel onde estava hospedada, ela
concedeu a seguinte entrevista:
Você acabou de ter seu quarto
filho e continua com um ritmo forte de trabalho: mostrou sua coleção de
inverno recentemente em Paris, fez essa viagem ao Brasil e mesmo assim
parece muito equilibrada e no
controle. Você trabalha sob uma pressão enorme, que muitas pessoas não
dão conta. Qual o segredo para ter uma vida normal sob esse aspecto?
Stella: Sim, há muita pressão na
indústria da moda e isso é para todo mundo e não só para os estilistas.
Essa é uma indústria que não tem piedade mesmo e é muito competitiva,
você sabe, há milhares de grifes por aí, mas poucas do nível em que eu
trabalho. Eu tenho muita sorte de ter o emprego que tenho, mas concordo
que é um universo estressante e maluco, e nessa situação o único
caminho é achar um equilíbrio.
Tenho sorte por ter marido e filhos e
assim, consigo viver minha vida além da moda, me ajuda a manter um olhar
mais realista das coisas. Se não tomar cuidado você pode perder de
vista o que realmente é importante, e isso acontece em qualquer
profissão. Mas, realmente, está tudo muito louco no momento. Há cada
vez mais coleções, você tem que ser cada vez maior, os preços tem que
ser mais baixos e as entregas mais rápidas a cada estação. Ao mesmo
tempo, este é um momento interessante, é uma indústria global e
empolgante, mas você não pode se deixar contaminar pela loucura.
Quantas horas você trabalha por dia?
Stella: Depende. Eu poderia trabalhar 24
horas, mas tento manter um horário razoável e fazer com que todos ao
meu redor também vivam dessa forma. Acho que a gente ainda consegue
entregar tudo trabalhando um número decente de horas. Mas claro que muda
muito de dia para dia, pois tem semanas malucas e outras mais
tranquilas.
(O relações-públicas Stephane entra na conversa)
Stephane: A tecnologia também ajuda
muito. Eu falo com a Stella às onze da noite por mensagem. Às vezes é só
uma questão simples que a gente consegue tirar da frente sem muito
esforço.
Stella: É, e eu preciso desse equiíbrio.
Acabei de ter um bebê então estou trabalhando um pouco menos do que o
normal porque quero passar mais tempo com ela. Estava amamentando até há
pouco tempo. No final, esse é o segredo: equilíbrio. Mas eu também
tenho uma equipe muito boa que faz com que eu não tenha que trabalhar
todos os segundos do dia. Se não fosse assim eu não poderia ter minha
família. Você tem que tomar decisões na vida e eu decidi ter uma
família. Quando o trabalho não te der mais prazer, é hora de parar e se
perguntar se ainda vale a pena. Quando as coisas não vão bem, tire um
momento para refletir. Mas acho que todos parecem muito ocupados hoje em
dia, independente da profissão.
Qual o papel dos estilistas
muito criativos nos grandes grupos, onde o principal ponto é vender?
Designers como Hussein Chalayan têm mais dificuldade de se colocar no
mercado no sentido do business?
Stella: Acho que você tem que achar o
parceiro comercial certo e talvez Hussein não tenha tido muita sorte em
encontrar esse parceiro. O lado do business e da construção de uma marca
são tão importantes quanto o design. Não importa se você é extremamente
criativo, você ainda tem que conseguir fazer suas roupas acharem um
caminho até os consumidores. Nós vivemos numa era em que os estilistas
podem criar coisas malucas, pois, no final, a maioria das grifes vende
bolsas. É muito raro uma maison vender roupa, nós somos uma das únicas
grifes de roupa mesmo. Você pode ser louco e criativo, mas tem que
encontrar um bom equilíbrio entre business e criatividade.
Você já tinha algum gosto pelo lado dos negócios quando começou?
Stella: Eu não sabia de nada! Saí da
(escola de moda) St. Martins e alguém queria comprar minha coleção de
formatura e eu não tinha nada! Fiz as roupas na Savile Row (famosa rua
de alfaiataria em Londres), então eu não tinha como reproduzir aquilo
para as lojas. Pensei: “esses compradores devem ir atrás de quem faz
isso direito, não a mim!”. Não sabia de nada… Eu fazia as roupas na
minha garagem e usava muitas rendas antigas, que eu só encontrava seis
metros de cada, então só vendia quatro vestidos, pois era o que dava
para fazer com aquela renda. Mas eu gosto do lado business, sabe? Acho
que cada vez mais os estilistas querem vender suas peças. Para mim, o
maior prêmio é criar algo que as pessoas querem ter e vestir. Eu não vou
desenhar as coisas mais malucas só para serem fotografadas pelas
revistas. Meu maior orgulho é ver as mulheres escolhendo e se divertindo
com aquele produto. Para mim, isso sim é recompensador. É um desafio
criar algo lindo e que causa desejo. Esse é o maior desafio.
Stella: Há milhões deles. Você pode simplesmente usar pele falsa, que está disponível no mercado, mas eu acabo usando muitas outras técnicas, como tear ou tricô, que você escova e trabalha em cima. Há muitos processos manuais interessantes que podem simular todo aquele volume. Você pode cortar em camadas, compactar, desfiar. Há muitas formas de criar efeitos lindos, mas infelizmente essas técnicas ainda encarecem o valor final das roupas. De qualquer forma é muito mais gentil ao meio-ambiente.
Como você trabalha com a internet no dia-a-dia?
Stella: A gente tem Twitter e Facebook
da empresa, que o Stephane atualiza. Também temos um aplicativo onde
colocamos filmes, as linhas infantil e de lingerie e uma história legal
de óculos rolando agora. O site está passando por uma reformulação, está com e-commerce, mas ainda não funciona no Brasil.
Stephane: Estamos expandindo na Europa primeiro, mas a linha infantil dá para pedir do Brasil.
Stella: Essas coisas, iPads, iPhones,
não me motivam muito. Eu uso muito pouco. Eu não tenho tempo, você tem?
Entro no Skype quando estou fora, daqui a pouco vou falar com meus
filhos pelo Skype, e navego na internet quando tenho um segundo. Eu não
trabalho com computador, uso lápis e papel, sou à moda antiga, ainda
amo livros e gosto de tocar as coisas. Mas claro que a internet é um
recurso maravilhoso. Nós trabalhamos com várias atrizes, e quando
estamos fazendo um vestido para elas, é bom ter a internet para
pesquisar, ver o que elas já vestiram… Tudo isso torna o processo muito
mais rápido.
Qual foi o processo para criar a linha para a C&A brasileira?
Stella: Nós não trabalhamos muito no
Brasil, então para mim foi uma pequena introdução da nossa marca para as
brasileiras. Olhei para a C&A e pensei em peças que tinham a ver
com a grife Stella McCartney, coisas que as consumidoras possam manter
em seu guarda-roupa por um bom tempo. Foi importante para mim tentar
entrar no estilo das meninas brasileiras e poder criar uma linha de
produtos duráveis e atemporais.
Pergunta da leitora Nicole Castro, feita via Facebook:
Quais são suas melhores memorias da infância?
Stella: Estar com minha família, muito
amor, muita união. E também viajar. As oportunidades de viagens que
tivemos fizeram parte da minha educação de vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário